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Thursday 9 March 2017

IR : não correção da tabela, propostas tributárias e desonestidade intelectual

A partir de 1992 até 1994 os valores de isenção eram, em valores atualizados, de R$ 12 mil. Em 1995 sofreram ligeira redução, inexplicável, para R$ 8,8 mil, para, logo em seguida, em 1996, sofrerem novo "reajuste", passando a R$ 10,8 mil, ou cerca de R$ 900,00 mensais de isenção. A questão é que de lá para cá essa faixa de isenção foi reajustada em somente 109,63 %, sendo atualmente de R$ 1.903,98 (ou R$ 22.847,86 ao ano). O IPCA e IGP-M, acumulados no mesmo período, foram de (cálculo meu) 287,1 e 434,0 %, respectivamente, o que importaria num valor de isenção equivalente a R$ 3.514,87 (ou de R$ 4.848,98, se IGP-M). 
O significado ? Supondo proventos na faixa dos R$ 15 mil, com deduções de R$ 3 mil mais a isenção de R$ 1,9 mil, temos è 15 – 3 – 1,9 = 10,10 x 0,275 = R$ 2,78 mil de IR descontados na fonte. Com o valor devidamente corrigido (IPCA e IGP-M, respectivamente) seria :  R$ 2,34 mil de IR descontado, diferença de R$ 440,00/mês (ou R$ 1,97 mil de IR descontado, com diferença de R$ 810,00 – se IGP-M). Em 1 ano, considerando o 13º., o governo tira de você (nesse exemplo) cerca de R$ 5.720,00 (ou R$ 10.530,00 – IGP-M).  
Esse teu dinheiro você necessitará em diversos momentos durante o ano. Desde datas especiais e viagens até necessidades específicas, como aquisições diversas ou pagamentos emergenciais. O que acabará fazendo com que você caia no cheque especial, em algum empréstimo e/ou, pior, cartão de crédito. É justamente nisso que o governo pensa : - Disponibilizar os bancos dele, CEF e BB. 
Vamos até irrelevar a base legal, ou o que é previsto pelo “contrato social”, que é o preço a ser pago por vivermos na acepção de um Estado Nação, na forma de IR : - Tudo bem ! Mas pondere que por conta de uma base legal aceita ele arranca de você 3 vezes, em modalidades não previstas nesse contrato, e que te passam desapercebidamente : - No IR não corrigido, nos empréstimos (de quaisquer naturezas) e nos juros.

Diante desse simples fato de não correção devida da tabela do IR, notório verificar que o custo acaba recaindo sobre os mais pobres, que em vez de estarem isentos, passam a contribuir também. Nesse ínterim, começam a bradar alguns acerca do aumento dos desequilíbrios sociais ou de concentração de renda. E aí começam os estudos, naturalmente pagos com teu dinheiro, em universidades públicas e sindicatos, sobre a acumulação dos bancos e a financeirização da economia. 

Outros vão além, e se reúnem numa entidade chamada Cofecon, e em meio à sandice, párias lançam propostas de reforma tributária sobre heranças (prevendo alíquotas entre 60 a 80%.) e dividendos das empresas (que são o rendimento de um investimento - uma espécie de poupança de longo prazo). Dividendos estes resultantes de esperanças depositadas, que incorreram em riscos os mais diversos, mas que a ajudaram a fazê-la crescer, também investir e gerar empregos.

As mesmas esperanças nos esforços laborais de uma vida tentando deixar alguma melhoria para os filhos. Comunistas não almejam teu bem-estar e o crescimento das empresas e empregos. Se e somente se no Estado (neles) e em suprimir o que é teu.

Para finalizar, tais propostas são, para dizer o mínimo, desonestidade intelectual. Inundam a academia com papers, em que 95% não são lidos. Sinto-me alheiamente envergonhado (honrosas exceções), pois tratam unicamente de uniformizar medidas para "melhorar" e aumentar o Leviatã de Thomas Hobbes, lubricados em teorias as mais diversas. Esse fenômeno típico ocorre em outras ciências também, contaminando e viciando todo o ambiente acadêmico. O leviatã independe de lado, à esquerda ou à direita. Apenas um estribilho deve ser lembrado : Aux armes, citoyens, Formez vos bataillons, Marchons, marchons ! Qu'un sang impur, Abreuve nos sillons !



Eduardo Mendonça de Lima
Corecon-RS 6.502 

Aspirante a Oficial pela PMDF, Bacharel em Economia, pós-graduado em Administração Financeira, e em Análise, Elaboração e Avaliação de Projetos, pela FGV-Brasília. Cursou o mestrado em Economia do Desenvolvimento pela PUCRS. Ex-integrante do Geipot (Min. Transportes) e Agência Brasileira de Cooperação (Min. das Relações Exteriores). Atuou em empresas de porte do setor privado. Atualmente é avaliador de Empresas, perito judicial e docente em cursos de pós-graduação em Macroeconomia e Valuation. Ex-Conselheiro do Corecon-RS - 2010-2016.